Sei que precisa chorar, sei que
precisa de algo que te leve afora. As paredes desse poço, pegajosas,
escorregadias e molhadas de lágrimas, não deixam escalar. Avesso. Essas me
escalam, me impelem medo e demovem, o mesmo lugar, fundo. Brilho apaga, como se
nunca tivesse passeado por entre os olhos, deveria discernir que era para nunca
durar. Grite, vá! Quem sabe mãos me subam da garganta, sufoquem com mais ímpeto
ainda esses berros abafados, estanquem esses lamentos intragáveis e adornem
mais falhas a essa perfeita displicência.
Não conte para ninguém que eu reconheço
as intenções. Agora, dirás que tem medo do escuro? Não me discurse sobre tais.
Vai invadir, vai avançar e vai tomar o lugar, e eu suplico que não, então vai
abrir as janelas dessas cicatrizes para fazê-las verem o sol nublado de cinza.
Aprenda a lidar, não faz jus ter sentido, não se indague, logo não fará senso
de tempo, de dor, de histórias bem contadas, e finais agradáveis, nunca, nunca
mais. É feitio da dor esse murmúrio, é só uma forma dela me desviar a atenção
enquanto ela finda a pele e dispersa as preces.
Lá de baixo, agora só me
encontram as imagens daqueles rostos ruídos. Olho para baixo e minhas mãos
cavam procurando esperanças, embora seja apenas mais lama para sujar os dedos.
Enterro os últimos sonhos, despeço-me, como de praxe, e durmo no vazio, tão
íntimo, todo dia. Então recolha as lágrimas. Resta solidão, a única a te dar a
mão, assim eu me dou, eu me doou dor.
Matheus Souza
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