Retrato.

Posted by Tk On segunda-feira, 30 de janeiro de 2012 2 comentários



Aqui, parado. Do outro lado. Tendo seus olhos escuros como aval de que são passageiros, atravessados no meu senso egoísta comum. Só há de dizer que nunca soubera, por que nunca se deu conta do meu olhar focado espelhando, esperançado em um ínfimo sentimento teu posto aos meus -tantos e sem procedência-, convergindo ao final no teu sorriso discreto. Do timbre da tua voz me fez incerteza, de que algo aqui dentro encontraria paz. Mas não se preocupe não, que não há de saber, eu juro. 

Do mesmo lado, embora por hora, jamais podorei te tocar, tão quanto possa grafar amor entre as linhas, que de tão distantes, mal encontram as próximas letras da frase para me levar ao costumeiro sentido amargo... Mas não se preocupe não, que não há de saber, eu minto. Sinto um tanto que seja impossível, sabe? Porém, sufoco-me aos poucos no teu sotaque enevoado ao momento que sei que me dirás que não há de ser. Conformo-me em não querer amor, por febre te imploro que nunca vá embora e leve contigo o afago dos sonhos estrelados que me trouxera... Do outro lado, depois de outro último aceno que não quer dizer nada.

Matheus Souza

Na Outra Esquina, Um Pedaço.

Posted by Tk On terça-feira, 17 de janeiro de 2012 1 comentários



É quase impossível não falar de si, quando todo o espaço do mundo, todo vazio ainda preenche os olhos. Nenhum caminho, objetivos ou sequer sonhos para ser sincero com seu distinto destino, apenas há o passo depois de um outro no mesmo lugar, custa mas sabe, não chegará lá. Falta alguma coisa, acho. Não sabe se é aqui ou se ficou para trás... O que se sabe é que faz falta ser acolhido pelo calor, pela noite relembra ainda da dor.

Encontre a árvore e o mastro e encontre o caminho, lá é livre, lá não morre... Escreve e sonha todo dia, sobre um lugar, qualquer lugar, apenas para ter aonde ir, embora jamais rotoma a volta depois. Até lá, sem sapatos, sem sol, sem a esperança guardada entre os dedos, sem a última carta no bolço de trás, apenas quando olhar para frente veja o espelhado do adiante... Porém, não volte até alcançar as estrelas. O que queria não era alcançá-las, queria era ter certeza que ainda era capaz de voar como antes.

Matheus Souza

Ponto.

Posted by Tk On domingo, 1 de janeiro de 2012 0 comentários




São tão sombrias as páginas passadas pelos dedos, devagar sem nenhuma chance de volta... Apesar desse passageiro alívio solto tua mão e me deixo ir, tentar seguir em frente, sabe? Pudera dizer que tudo passou tão rápido, sem abafar o grito tão vazio, que dói ao ver as luzes se apagando sem jamais terem perdido seu brilho, sendo levadas sem antes me levar ao vasto céu. Nada a escrever pra tentar dizer que não posso mais... Entre essas letras vou escondendo uma meia dor, uma meia esperança, um oceano de perguntas sem sentido, possibilidades sem a resposta certa concreta de que amanhã vai ser só mais um outro dia. Só te peço, não te esqueças de mim...

Dos próximos capítulos, cuido eu em escrevê-los, dessa vez sem teu nome entre as linhas, em cada estrofe. As minhas lembranças nos versos grafados nos teus olhos, sorriso e voz, dos quais não me deixo esquecer, e lá sem nenhum pouco de mim mesmo. Tão comum. Sem tentar nunca outra vez, até que o amanhã chegue e nos separe, mesmo que não houvesse encontros entre nós. Coitado, nunca lhe disseram como dói? Sem ter provado tanto dos dois, ao seu lado, sem engolir nenhuma de tuas frases, embora as minhas estejam ainda todas sufocadas entre os dentes, ardendo em arrependimento.

Mesmo que nunca tenha ficado, tenho que te deixar ir. Talvez por pouco nos encontremos nas ruas, nas páginas, na vida. Mas, quero que guarde entre as certeiras lembranças de um papel arrancado de um velho livro que poderia dizer qualquer outra bobagem. Agora depois que tantas palavras escrevi, e tantas que ainda faltam, continuo sem conseguir explicar o porquê de tanta bagunça, perdido entre cada letra desta carta. Apenas gosto, é assim que me explico. Só não dê importância as minhas palavras, e vá. Quando eu fechar a porta, não olhe nos meu olhos, fechando, voltando ao luto, como sempre. Tão comum. Apenas vá... É aqui que me despeço. Não adianta, nunca te esquecerei de toda forma que tentasse... Aqui, fica um curto "até breve".

Matheus Souza