Em comum.

Posted by Tk On quarta-feira, 5 de março de 2014 0 comentários



Os pormenores mesmo que piores que sejam fazem sentir menos um quarto sequer do ultraje que é ser inutilmente nostálgico. Assim lhe falo, amigo, estou deixando de lado um mais de coragem que poderia ser deveras afiada num laço que não me rompe. Por dó então, eu vou me levando de ponteiro na vida, passando de corda qualquer que demais fosse pra permanecer. Nesse tempo, que aspira um ameno tão de horizontes, eu ao menos o torno algo que me traga um dia de mero intento, uma estação que espera você passar por cadente no céu da minha calçada curada a giz.

Alguns por vezes ou de longos meses encontram por fim um par, um achado de nada mais que espaço vago. Outros de vago, vagam atrás de algum traço que mereçam mais estragos. Esses tais esquecem de gravar os segundos de completo que nem de todo sonha em calar.

Matheus Souza

Tanto Faz.

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Tem coisas que de um tanto em tanto, fazem falta. Nem que agora tanto faça frio, eu te espero na porta. A maçaneta que morre de tão morna, vive a deixar quais despedidas fossem atrozes a falhar pelo tapete da sala, perto do conjunto novo de sofá. Faz tanto atrás, mas se volta, perde a hora e o ponteiro que era para acertar o tempo de chegar. E que de tanto ninguém traz, um pouco de conhaque diluído em afeto pra um velho resmungo varrido da sala de estar. O que me apraz, é um tanto que não se faz, é um orvalho que não cai e nem uma junta me desfaz aquele afago no peito de deitar num leito de qualquer rapaz. Apenas faz um tanto de mais, que de um voto não devora, porém remedia qualquer jura de quem nada sofre mais. Tanto faz.
Matheus Souza

15:33.

Posted by Tk On sexta-feira, 28 de setembro de 2012 0 comentários



Levanto-me, forço a vista por entre o embaçado do vidro na janela, é que agora eu me pego olhando longe, como que por convidativa me houvesse uma esperança remanescendo a cada relance, a cada gota dessa chuva arranhando o vidro do coração. É, não há de ser hoje que amor virá fazer breve a sua visita. Sento no chão gelado, então vou impelindo da memória aquele aceno que fingiu ser até logo, ainda penso em uma despedida decente, que acoa, ecoa e logo fica turva. Acendo, fumaça, não relaxa, por que é tão insuportável? Incomoda esse barulhinho sopitado de alma quebrada, contido, devagar, infindável tanto quanto a profundidade das mágoas enterradas pelas águas. O acertar, nem soa acerto ao certo. Dores rasas, num vau, sem aval, nem decreto de felicidade se faz lei. Falta calor pra pôr cerrado entre os dedos.

Vago pela casa, achando e escondendo os passos que o acaso me tirou ao caminho certo, e vai retrocedendo, tudo ao vislumbre de um feixe de luz por entre as persianas. Ainda é dia... Mas o sol se escondeu por detrás da nuvem, são seus olhos que não param de chover, são lágrimas, são nunca mais. Tem uma porta, tem a maçaneta, posso abrí-la a qualquer instante, embora esteja presa, de porta fechada, mas não trancada, de alma solta, mas enjaulada entre as paredes da minha vontade de ser livre, mas não posso... Tenho que permanecer, sair tem o risco de esbarrar com decepções, mas são elas que provam que tentei, que tentei não me esconder, que amei. Mas como horas se passam nubladas, não tem hora para mudar e sair, pra viver, só que por um pouco, e não sentir, sem querer, o que resta pra amar, nem que por um dia mal vivido.

Matheus Souza

Basta-me, Ontem...

Posted by Tk On segunda-feira, 20 de agosto de 2012 0 comentários



Faz-me favor a sinceridade, e adia cada palpitada por um viver sem razão. É só a existências de porquês, e, de cor eu confesso nunca lidar com esse pranto todo. Foi-se o que fora bom, sobretudo que sobre aquilo que insiste em ser verdadeiro, por mais doloroso que se almeje não passar inerte. Fixe as margens do meu céu, e ponha-te no lugar de lá, de onde não há de sair até saber que também não se entra.

Nem te peço, nem me ajude, apenas dê-me a paz de te ver indo embora. Mas ainda espere, leve consigo o amargo intragável dessas mentiras, traga o presságio de alento.  Nessa cela o azar se convida ao sussurro da mão cerrada à maçaneta sem porta, os passos dão adeus ao chão falso, e assim corre em fuga da ilusão de felicidade. É virtude da malícia ser sarcástica ao tramar contra si própria, então penso que foi inocente. Não sei ao certo aonde me larguei das palavras que recolhi das estrelas, esperando assoprá-las aos teus ouvidos, sei que no bolso ficaram as que deveria ter cravado no peito para me tomar, de uma vez só, o fado sem amor.

Não seria do seu feitio se culpar, porém a sua consciência acusa a farsa. Quis fazer então deveras desnecessária essa despedida, pois supunha saber que se tratando de partidas eu recolho os meus olhos dos teus um tanto assim, então me faço certo do acaso. Há de haver mais encontros entre o “até logo” dessas histórias pontilhadas de lágrimas, todavia fora o derradeiro olhar, e mais um aceno jogado ao vento.

Matheus Souza

Até.

Posted by Tk On segunda-feira, 30 de julho de 2012 0 comentários



Noite passada, assim do nada, o medo de te perder estampou o meu rosto em lágrimas, e essas em vozes, uma a uma fazendo o som de cada pedaço quebrado caindo e sumindo de vez. Não saberia te explicar os porquês do meu receio, mas te afirmaria que não se faria diferente se soubesse. Por ter visto alguns partirem me põe a vontade de te ver ao oposto. Então não lhe peço que entenda ou assinta, imploro que não me negue a esse último pensamento avulso que lhe toma por companhia. É contraponto em dor, por enquanto e por quanto for de ser.

As minhas forças, as visitantes, já se foram, as portas entreabertas, eu só não deveria ter lhe chamado para entrar, quem sabe para tomar um chá, pensei, mas convidei com esperanças de lhe dar o papel das passageiras, e tornar-me permanente, talvez você apenas levasse um pouco mais de tempo. As estrelas talvez se apaguem depressa, no entanto hão de demorar em dissipar seu brilho em morte, e, embora ainda queira que os minutos para o fim regressem para o sempre, que não se enfade dessas palavras até que elas deixem de alumiar os teus passos.

Matheus Souza

Dobre.

Posted by Tk On domingo, 29 de julho de 2012 0 comentários



Que sirva de suporte a todas essas palavras outorgadas esse sentimento vazio... Molde as dúvidas por entre os rabiscos das próprias mãos, e, então vá, inciso noutras falhas por essa vida e por lá. Ele apenas não pode acreditar assim tão de repente na verdade, prefere suas tragédias de cabeceira. Já não o intriga esses desastres que lhe chama de gostar. É hábito de desesperança, entenda. O que o chama à atenção é o sabor costumeiro de infelicidade, é o que espanta, é o que escreve, são os desvios que não o afastam do destino, e a demência que traz sentidos.

Não! Não ponha os pés a descansar ainda! Não é aí o seu lugar, não é a dor que possa chamar de lar. Precisa de um contraste, um contraponto nessa solidão, um sorriso, algo que supõe ser fácil de encontrar pelas ruas à meia luz, nos ladrilhos desse seu fado certo, mas peço, que não seja mais dor. Não quer imaginar que posteriormente ao fim foi o nada. Fez-se apego um tanto ao azar de ser assim, largado, fora dos braços do amigo que é o ânimo, que não dera ocasião a se lembrar de esquecer-se dessa agonia, pois confessa, nunca sentira tal e jamais sentiria de novo. Vaga esperança, essa se cogitasse alcançá-la, poria no enquadro da alma a certeza de aproveitá-la até o momento de esquecer que já não mais pisava aquele chão frio.

Matheus Souza

Não Dura à Dor.

Posted by Tk On quinta-feira, 12 de julho de 2012 0 comentários



Sei que precisa chorar, sei que precisa de algo que te leve afora. As paredes desse poço, pegajosas, escorregadias e molhadas de lágrimas, não deixam escalar. Avesso. Essas me escalam, me impelem medo e demovem, o mesmo lugar, fundo. Brilho apaga, como se nunca tivesse passeado por entre os olhos, deveria discernir que era para nunca durar. Grite, vá! Quem sabe mãos me subam da garganta, sufoquem com mais ímpeto ainda esses berros abafados, estanquem esses lamentos intragáveis e adornem mais falhas a essa perfeita displicência.

Não conte para ninguém que eu reconheço as intenções. Agora, dirás que tem medo do escuro? Não me discurse sobre tais. Vai invadir, vai avançar e vai tomar o lugar, e eu suplico que não, então vai abrir as janelas dessas cicatrizes para fazê-las verem o sol nublado de cinza. Aprenda a lidar, não faz jus ter sentido, não se indague, logo não fará senso de tempo, de dor, de histórias bem contadas, e finais agradáveis, nunca, nunca mais. É feitio da dor esse murmúrio, é só uma forma dela me desviar a atenção enquanto ela finda a pele e dispersa as preces.

Lá de baixo, agora só me encontram as imagens daqueles rostos ruídos. Olho para baixo e minhas mãos cavam procurando esperanças, embora seja apenas mais lama para sujar os dedos. Enterro os últimos sonhos, despeço-me, como de praxe, e durmo no vazio, tão íntimo, todo dia. Então recolha as lágrimas. Resta solidão, a única a te dar a mão, assim eu me dou, eu me doou dor.

Matheus Souza

Grave.

Posted by Tk On quarta-feira, 11 de julho de 2012 0 comentários



Estilhaços de desafeto jogado por todo lado. Eu nem sei mais. Nunca me preocupei em descobrir como me faço isento de mim mesmo, desses pensamentos malucos, meios perdidos ao que não convém recontar. Eu quero de volta, e logo, preciso daquele motivo que me foi roubado, apenas para dizer que não quero mais silêncio em mim. Já chega desse sorriso desbotado na cara, esse que quando no quarto vai borrando pelas lágrimas, guardado na gavetinha esquecida do criado-mudo.

Mas aí vem você, estranho, olhando fundo e alarmando que não existe forma de vida nesse meu mundinho cinza. Você não tem o direito de invadir e de confiscar as minhas lembranças, pois você é tão cinza quanto eu. Mas pelo incrível que pareça você matiza esses minutos jogados fora conversando bobagens. Então você vai enfeitando esse meu ínfimo riso. E eu querendo ser incauto, mas singelo ao dizer que não me faça distância, faça-me bem. Ao final, ficam apenas minhas condolências ao final de sempre, que eu sei de cor, taxado, nessas linhas infindáveis. Desculpe-me...
Matheus Souza