Noite passada, assim do nada, o
medo de te perder estampou o meu rosto em lágrimas, e essas em vozes, uma a uma
fazendo o som de cada pedaço quebrado caindo e sumindo de vez. Não saberia te
explicar os porquês do meu receio, mas te afirmaria que não se faria diferente
se soubesse. Por ter visto alguns partirem me põe a vontade de te ver ao
oposto. Então não lhe peço que entenda ou assinta, imploro que não me negue a
esse último pensamento avulso que lhe toma por companhia. É contraponto em dor,
por enquanto e por quanto for de ser.
As minhas forças, as visitantes,
já se foram, as portas entreabertas, eu só não deveria ter lhe chamado para
entrar, quem sabe para tomar um chá, pensei, mas convidei com esperanças de lhe
dar o papel das passageiras, e tornar-me permanente, talvez você apenas levasse
um pouco mais de tempo. As estrelas talvez se apaguem depressa, no entanto hão
de demorar em dissipar seu brilho em morte, e, embora ainda queira que os minutos
para o fim regressem para o sempre, que não se enfade dessas palavras até que
elas deixem de alumiar os teus passos.
Matheus Souza
Que sirva de suporte a todas essas
palavras outorgadas esse sentimento vazio... Molde as dúvidas por entre os
rabiscos das próprias mãos, e, então vá, inciso noutras falhas por essa vida e
por lá. Ele apenas não pode acreditar assim tão de repente na verdade, prefere suas
tragédias de cabeceira. Já não o intriga esses desastres que lhe chama de
gostar. É hábito de desesperança, entenda. O que o chama à atenção é o sabor
costumeiro de infelicidade, é o que espanta, é o que escreve, são os desvios
que não o afastam do destino, e a demência que traz sentidos.
Não! Não ponha os pés a descansar
ainda! Não é aí o seu lugar, não é a dor que possa chamar de lar. Precisa de um
contraste, um contraponto nessa solidão, um sorriso, algo que supõe ser fácil
de encontrar pelas ruas à meia luz, nos ladrilhos desse seu fado certo, mas
peço, que não seja mais dor. Não quer imaginar que posteriormente ao fim foi o
nada. Fez-se apego um tanto ao azar de ser assim, largado, fora dos braços do
amigo que é o ânimo, que não dera ocasião a se lembrar de esquecer-se dessa
agonia, pois confessa, nunca sentira tal e jamais sentiria de novo. Vaga
esperança, essa se cogitasse alcançá-la, poria no enquadro da alma a certeza de
aproveitá-la até o momento de esquecer que já não mais pisava aquele chão frio.
Matheus Souza
Sei que precisa chorar, sei que
precisa de algo que te leve afora. As paredes desse poço, pegajosas,
escorregadias e molhadas de lágrimas, não deixam escalar. Avesso. Essas me
escalam, me impelem medo e demovem, o mesmo lugar, fundo. Brilho apaga, como se
nunca tivesse passeado por entre os olhos, deveria discernir que era para nunca
durar. Grite, vá! Quem sabe mãos me subam da garganta, sufoquem com mais ímpeto
ainda esses berros abafados, estanquem esses lamentos intragáveis e adornem
mais falhas a essa perfeita displicência.
Não conte para ninguém que eu reconheço
as intenções. Agora, dirás que tem medo do escuro? Não me discurse sobre tais.
Vai invadir, vai avançar e vai tomar o lugar, e eu suplico que não, então vai
abrir as janelas dessas cicatrizes para fazê-las verem o sol nublado de cinza.
Aprenda a lidar, não faz jus ter sentido, não se indague, logo não fará senso
de tempo, de dor, de histórias bem contadas, e finais agradáveis, nunca, nunca
mais. É feitio da dor esse murmúrio, é só uma forma dela me desviar a atenção
enquanto ela finda a pele e dispersa as preces.
Lá de baixo, agora só me
encontram as imagens daqueles rostos ruídos. Olho para baixo e minhas mãos
cavam procurando esperanças, embora seja apenas mais lama para sujar os dedos.
Enterro os últimos sonhos, despeço-me, como de praxe, e durmo no vazio, tão
íntimo, todo dia. Então recolha as lágrimas. Resta solidão, a única a te dar a
mão, assim eu me dou, eu me doou dor.
Matheus Souza
Estilhaços de desafeto jogado por
todo lado. Eu nem sei mais. Nunca me preocupei em descobrir como me faço isento
de mim mesmo, desses pensamentos malucos, meios perdidos ao que não convém
recontar. Eu quero de volta, e logo, preciso daquele motivo que me foi roubado,
apenas para dizer que não quero mais silêncio em mim. Já chega desse sorriso
desbotado na cara, esse que quando no quarto vai borrando pelas lágrimas,
guardado na gavetinha esquecida do criado-mudo.
Mas aí vem você, estranho,
olhando fundo e alarmando que não existe forma de vida nesse meu mundinho cinza.
Você não tem o direito de invadir e de confiscar as minhas lembranças, pois
você é tão cinza quanto eu. Mas pelo incrível que pareça você matiza esses
minutos jogados fora conversando bobagens. Então você vai enfeitando esse meu
ínfimo riso. E eu querendo ser incauto, mas singelo ao dizer que não me faça
distância, faça-me bem. Ao final, ficam apenas minhas condolências ao final de
sempre, que eu sei de cor, taxado, nessas linhas infindáveis. Desculpe-me...
Matheus Souza
Declaro aqui o motivo de toda
essa falta concisa em
suturas. Pois dói estar são e não saber ladrilhar estradas
sob esse céu. E sobre o céu nem atrevo a constar distância, antes pus nos
pássaros cartas que caíram como chuva em desdém, afogando ao relance dessa
ideia de felicidade. Eu sei que a vida continua assim, eu ainda contando os
passos do meu atraso, colecionando pecados. É que eu só queria alcançar,
almejando apenas a sensação de almejar, desejar chegar a algum lugar, pelo
menos uma vez, nesses ensejos entre os dedos nervosos.
Nunca me adverti a errar, nem me interessei nas feridas que as alturas fizessem. Só pensei em fantasiar que a corda era estrada, talvez imerso naquele oceano de ilusões tivesse uma daquelas faíscas que esperançassem algo bom, de verdade. Além do que, na verdade esses olhos se cegaram, castigados de tanta luz alumiando o descanso escasso, sob a sina que não dá passagem a essa vontade de gritar de dor, abafado pela a sede de acertar, findando as certezas no peito de que esse tempo não muda. Depois daí eu nem faço lembrança de quando me foi dada a bênção de imaginar essa felicidade pela a primeira vez, só sei que está no lugar que está, por aí. Assim, como não me foi dado o dom de vê-la, será me dado o de tocá-la e quem sabe prendê-la a mim por alguns segundos cerrados antes que dê os pés ao vento.
Nunca me adverti a errar, nem me interessei nas feridas que as alturas fizessem. Só pensei em fantasiar que a corda era estrada, talvez imerso naquele oceano de ilusões tivesse uma daquelas faíscas que esperançassem algo bom, de verdade. Além do que, na verdade esses olhos se cegaram, castigados de tanta luz alumiando o descanso escasso, sob a sina que não dá passagem a essa vontade de gritar de dor, abafado pela a sede de acertar, findando as certezas no peito de que esse tempo não muda. Depois daí eu nem faço lembrança de quando me foi dada a bênção de imaginar essa felicidade pela a primeira vez, só sei que está no lugar que está, por aí. Assim, como não me foi dado o dom de vê-la, será me dado o de tocá-la e quem sabe prendê-la a mim por alguns segundos cerrados antes que dê os pés ao vento.
Nesse sonho tão etéreo, criei-me
os mundos que a mente deixa criar para me pôr ao desejo de viver, perdi-me o quanto
o engano deixa perder, mesmo sendo difícil a senda do novamente. Depois de
acordar no concreto, refaço os levantes e me doou mais um pouco a dor,
ascendendo o olhar aos meus nadas e às incertezas. Enfim, talvez o caso seja
custar a dar fim a essa prosa... Continuando tão à toa até que perceba o quanto
não se fez por amor.
Matheus Souza