Não Dura à Dor.

Posted by Tk On quinta-feira, 12 de julho de 2012 0 comentários



Sei que precisa chorar, sei que precisa de algo que te leve afora. As paredes desse poço, pegajosas, escorregadias e molhadas de lágrimas, não deixam escalar. Avesso. Essas me escalam, me impelem medo e demovem, o mesmo lugar, fundo. Brilho apaga, como se nunca tivesse passeado por entre os olhos, deveria discernir que era para nunca durar. Grite, vá! Quem sabe mãos me subam da garganta, sufoquem com mais ímpeto ainda esses berros abafados, estanquem esses lamentos intragáveis e adornem mais falhas a essa perfeita displicência.

Não conte para ninguém que eu reconheço as intenções. Agora, dirás que tem medo do escuro? Não me discurse sobre tais. Vai invadir, vai avançar e vai tomar o lugar, e eu suplico que não, então vai abrir as janelas dessas cicatrizes para fazê-las verem o sol nublado de cinza. Aprenda a lidar, não faz jus ter sentido, não se indague, logo não fará senso de tempo, de dor, de histórias bem contadas, e finais agradáveis, nunca, nunca mais. É feitio da dor esse murmúrio, é só uma forma dela me desviar a atenção enquanto ela finda a pele e dispersa as preces.

Lá de baixo, agora só me encontram as imagens daqueles rostos ruídos. Olho para baixo e minhas mãos cavam procurando esperanças, embora seja apenas mais lama para sujar os dedos. Enterro os últimos sonhos, despeço-me, como de praxe, e durmo no vazio, tão íntimo, todo dia. Então recolha as lágrimas. Resta solidão, a única a te dar a mão, assim eu me dou, eu me doou dor.

Matheus Souza

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